02 abril 2008

AMAR DEMAIS FAZ MAL

Amar faz bem, mas amar alguém em excesso a ponto de esquecer de si mesmo pode virar um tormento e até uma doença.
Para se livrar do problema, mulheres se reúnem em várias cidades do país para fazer uma espécie de terapia em grupo.
Estar no auge da juventude e amar loucamente soa pra lá de normal. Mas uma estudante que prefere não se identificar percebeu uma doença em seu amor excessivo pelo namorado. “Parece que sem ele eu não tenho outra vida, parece que eu anulo a minha vida quando estou com ele", ela conta.
Eles estão juntos há um ano, e o namorado confessou recentemente que tem outra mulher. Mesmo com raiva, ela não consegue acabar o relacionamento. “Ele nunca me liga, nunca me dá a atenção de que eu preciso, nem ao menos me respeita. E eu não consigo sair disso", desabafa a estudante.
E ela não está sozinha nessa angústia, que atinge pessoas de todas as idades. “Não uso drogas, mas estou me sentindo como se eu usasse; eu tenho crise de abstinência de uma pessoa. Eu fico na cama, passo mal, preciso daquela pessoa. Eu sei que ela não me faz bem e volto pra essa pessoa, tento sair disso e não consigo", relata uma colega que freqüenta o mesmo grupo.
A situação é conhecida de muitas outras mulheres. Em todo o Brasil há grupos desse tipo, de mulheres que se reúnem de forma anônima pra trocar experiências e tentar mudar comportamentos em busca de uma vida amorosa mais saudável. De norte a sul do país, as reuniões do Mada - Mulheres que Amam Demais Anônimas – sempre começam com uma oração que fala de serenidade, coragem e sabedoria.
A coordenadora do grupo em Curitiba diz que exagerar na dose do amor não é exclusividade de mulheres. “Tem muitos homens dizendo ter o mesmo problema, mas eles querem um grupo de homens, o que não existe aqui no Brasil", explica.
Especialistas concordam que o problema não está no sexo da pessoa, mas na forma de encarar a vida a dois. “Como a gente pode comer bem ou comer mal, a gente pode amar bem ou amar mal”, esclarece o psicanalista Mário Negrão. “Eu acho que existem algumas coisas que a pessoa deve se perguntar quando está amando patologicamente; quando a pessoa ama patologicamente, a necessidade do outro vira uma dependência”.
Uma jovem que também freqüenta as reuniões de grupo diz que aos poucos está se curando do vicio de amar demais. “Eu achava maravilhoso brigar pra depois se reconciliar, fazer as pazes. Eu gostava da adrenalina que proporcionava, mas isso ia desgastando o relacionamento. Agora consigo identificar quando estou entrando em momentos doentios, então eu respiro e no final acabo ficando bem. Meu relacionamento só tem ido pra frente", conta.
O psicanalista Mário Negrão afirma que esse problema tem solução: “Não é tão difícil resolver essas coisas. Não é difícil você tratar das pessoas, contanto que elas estejam dispostas a serem felizes e admitir que o ônus da vida cai pra cada um de nós, e não para o outro”.



Esta reportagem foi tirada do site do Jornal Hoje, www.g1.com.br/jornalhoje, onde você encontra mais informações sobre este assunto e também o endereço dos grupos de ajuda em várias cidades chamado : MULHERES QUE AMAM DEMAIS ANÔNIMAS.

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